E Rogério Ceni já começou a trabalhar no Flamengo. Já são 2 jogos e nada das vitórias voltarem. Mesmo enfrentando o Atlético-GO no Maracanã. Então, quais serão os desafios do Rogério Ceni no Flamengo?
Para começar, voltar a colocar o time no caminho das vitórias. Ceni ainda nem tem uma semana a frente do Flamengo, mas já têm feito escolhas questionáveis na escalação e na montagem da equipe. Sei que muitos rubro-negros estavam muito fulos da vida com o Domenec (afinal o time havia tomado 2 goleadas em menos de 10 dias), mas o trabalho do catalão tinha alguns bons pontos, e um deles era o trabalho com os jogadores da base. Esse foi o primeiro ponto que Rogério Ceni mudou. Assim que chegou reestabeleceu a "hierarquia" de Jesus. Joga quem tem nome, e barrou Natan, Ramon, Hugo, Noga, Thuler, etc. Matheusinho é um caso a parte, pois o Isla está com a seleção chilena e não há outro reserva com nome de algum peso.
Reestabelecer essa "hierarquia" parece ter gerado um problema (que já havia ocorrido com o Dome): o time mostra-se acomodado, sem gana. No primeiro jogo até demonstrou um pouco de vontade, mas logo acomodou-se.
Segundo erro vem em decorrência do primeiro: Colocar Léo Pereira e Gustavo Henrique como titulares absolutos (enquanto Rodrigo Caio está lesionado). Essas duas torres gêmeas já haviam demonstrado com Domenec que não tinham a menor condição de jogarem como titulares, quanto mais juntos! Mostram-se inseguros, lentos, com diversos erros durante as partidas. Dificultam muito a vida do goleiro que estiver na meta rubro-negra (independente de quem seja).
Terceiro erro foi mais de situação de jogo. No primeiro jogo (contra o São Paulo) ele colocou Vitinho substituindo Everton Ribeiro (na seleção) na direita e Michael substituindo Arrascaeta (voltando de lesão) na esquerda. Fez diferente de quem esteve lá antes (tanto Dome quanto JJ), e deu certo! Vitinho jogando muito bem, marcando, roubando bolas, puxando contra-ataques, armando jogadas. Vitinho foi muito bem pela direita. Michael estava bem mais sumido, porém ajudava muito na marcação de seu lado e o São Paulo nada produziu no primeiro tempo do jogo.
Aí aconteceu que todo mundo esperava: no segundo tempo entrou Arrascaeta no lugar do Michael, e por pouco tempo o time não percebeu a diferença do que ocorria no primeiro tempo, Arrascaeta ainda não tinha começado a marcar como o Michael vinha fazendo, resultado? Pela primeira vez o São Paulo teve liberdade para armar uma jogada em sua meia direita (lado esquerdo defensivo do Fla), aí as Torres Gêmeas falharam pela primeira vez com o Ceni. Léo Pereira não combateu ninguém, Gustavo Henrique não se posicionou bem na linha de impedimento e deu condições para Brenner sair na cara de Diego Alves (que caiu para o lado errado, mesmo que Brenner tenha chutado antes do Diego Alves fazer essa escolha) e chutar rente ao pé do arqueiro rubro-negro (se levantasse o pé pegava).
Um erro coletivo na defesa rubro-negra que colocava o São Paulo na frente em um jogo que nada tinha feito, em que o Flamengo era muito melhor e tinha perdido muitas oportunidades de gol. Essa vantagem durou pouco, pois na jogada seguinte Arrascaeta parece ter acordado e armou a jogada que culminou com Bruno Henrique deixando Gabigol na cara do gol, e o artilheiro não perdoou. Jogo empatado.
Depois do empate o Flamengo ainda foi superior, porém perdeu Diego Alves por câimbra. Entrou Hugo, goleiro da base que até 45 dias antes era a 4ª opção do gol rubro-negro, mas que assumira a bronca nos 10 ou 12 jogos antes (não lembro a quantidade) e segurado a onda e não comprometido nas duas derrotas sofridas até então. Ainda frio, o arqueiro rubro-negro fechou a porta do atacante são paulino e fez uma boa intervenção em mais uma falha das Torres Gêmeas.
Depois Rogério Ceni resolveu mudar de novo. Tirou Gabigol (voltando de lesão) e colocou Thiago Maia, mas essa mudança bagunçou o time todo, pois Thiago Maia entrou no meia direita (alternando com o Gérson na volância), deslocando Vitinho (que vinha muito bem na direita) para a esquerda (que não foi bem) e Arrascaeta para o ataque pela direita. Mudança brusca e que desequilibrou o time.
Ainda sim o Fla controlava a partida, mas o gol não saia. Arrascaeta perdeu uma chance impressionante. E quando o jogo se encaminhava para o fim Léo Pereira (com domínio da jogada ainda que pressionado) faz um recuo MUITO errado para o Hugo (deixando o goleiro mais pressionado ainda) que erra FEIO ao tentar driblar. Um erro NÃO FORÇADO da defesa rubro-negra. Fui achincalhado no Twitter por defender que o Léo Pereira errou muito FEIO e o Hugo errou pela primeira vez de forma bizonha! Mas a FlaTT já tinha escolhido seu CULPADO, e era o goleiro Hugo (já tinha torcedor falando que ele não poderia mais vestir o manto, um absurdo esse pensamento). Até o Pedrinho (do Sportv) falou desse erro - https://globoesporte.globo.com/sportv/programas/troca-de-passes/video/pedrinho-fala-da-mudanca-tatica-no-futebol-e-diz-que-informacoes-antigas-aos-jogadores-eram-lixo-9023041.ghtml.
Com essa sucessão de erros, perdemos. Mas teve muita gente que terminou a partida de cabeça cheia, mas com uma ponta de esperança. Achando que o time já tinha melhorado horrores! Como mágica! E que o culpado de termos perdido era um goleiro vindo da base, colocado na fogueira de uma defesa horrível. A culpa era EXCLUSIVA do Hugo.
Desculpem-me, mas não foi o jogo que eu vi. O jogo que vi mostrou um time um pouco mais compacto (principalmente no primeiro tempo), mas que precisa ainda ser muito bem trabalhado em seu sistema defensivo e melhorar a movimentação ofensiva. Mas tínhamos um bom sinal, Vitinho tinha jogado muito bem pela direita.
Rogério Ceni só precisava melhorar os posicionamentos defensivos, ajustar o time com Vitinho pela direita e Arrascaeta pela esquerda (quando Everton Ribeiro voltasse, Vitinho seria seu reserva imediato), e precisava repensar a dupla de zaga, as Torres Gêmeas demonstraram que não podiam estar em campo, ainda mais juntas.
Porém, ao ver a escalação contra o Atlético-GO (com as Torres Gêmeas, com o trio de volantes e com Vitinho na esquerda - formação bagunçada do fim do jogo anterior) já vi que teríamos dificuldades.
Confesso que não vi o jogo. Sábado a noite tenho um programa familiar do qual não abro mão. Flamengo é importante? É, mas minha esposa e filhas são bem mais. E por mais que sejam rubro-negras (esposa em processo de rubro-negrização), esse programa de sábado a noite não é futebol e nem seria por causa desse calendário louco.
Acompanhei um pouco a repercussão no dia seguinte no Twitter, vi os melhores momentos, vi as análises jornalísticas e dos rubro-negros que fazem algumas análises boas de jogos, como o Téo Benjamim (@teofb) fez no Telegram. Percebi que o Fla fez um primeiro tempo fraco (esperado pelo que tinha visto no segundo tempo do jogo anterior) o Rogério Ceni trocou no segundo tempo o Gustavo Henrique pelo Natan, mas o colocou na direita da defesa (que joga geralmente na esquerda). Mas o Léo Pereira sozinho demonstra como está lesivo a qualquer sistema defensivo (não demonstra condições de jogar como titular atualmente, dois jogos seguidos errando de forma bizonha), bastou um erro de passe no ataque (Thiago Maia errou passe no meio, quando o melhor seria ter passado para o Matheusinho) para a bola ser rifada para o ataque do Goianiense e ter Léo Pereira no mano-a-mano falhando mais uma vez, para o gol sair. Porém, misteriosamente, o culpado de não ganharmos é o Lincoln.
Sim, eu sei que ele perdeu um gol bizonho. Deveria ter feito. Era um gol que não se perde. Mas sem o gol bizonho que tomamos, esse gol perdido não faria falta. Não estou passando pano no Lincoln, errou feio (e não é a primeira vez que perde gols assim, mas como falei aqui, o Arrascaeta também errou no jogo passado, Bruno Henrique, Gabigol e outros também erraram em outros jogos). O fato é que temos perdido (ou não ganhado) jogos por tomar gols de formas absurdas (contra o Inter, São Paulo - 2x -, Atlético-MG e, agora, Atlético-GO), o sistema defensivo está muito exposto e o sistema ofensivo tem começado apresentar falhas. Enquanto procurarmos os culpados apenas nos últimos lances dos jogos não conseguiremos evoluir. Os 2 jogos como um todo tem apresentado falhas defensivas graves (como sistema defensivo mesmo), e ainda tem contado com uma dupla de defesa (Torres Gêmeas), desde a chegada do Rogério Ceni, que coloca os goleiros em cheque o tempo todo.
O que posso dizer é que, nesses 180 minutos jogados sob o comando de Rogério Ceni, tivemos 45 minutos muito bons (primeiro tempo contra o São Paulo) em que não terminamos eles ganhando. Já falei anteriormente, aqui e no twitter, Rogério Ceni é a melhor aposta em um técnico Brasileiro que um time poderia fazer, mas acredito que não há, ainda, um técnico brasileiro capaz de fazer o Flamengo jogar o que consegue, e isso inclui o Rogério Ceni.
Ele é uma aposta, assim como o Domenec também foi aposta, e a meu ver não estava tão errada assim, mas a comparação com JJ foi massacrante em cima dele, e ele insistiu em seus erros e em não arrumar o sistema defensivo. Mas acho que era o suficiente para conseguir se impor sobre a maioria dos times do brasileirão, e talvez isso fosse suficiente. Talvez não. Agora é torcer e acreditar que o Rogério Ceni será capaz de melhorar o time, mas não será de forma mágica. E com as Torres Gêmeas na defesa, nem com magia dará.
SRN.
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