É sempre difícil voltar a escrever sobre algo que era tão natural a tanto tempo atrás. Sempre vem a vontade de dizer tudo que eu observei, as minhas opiniões e tudo mais, mas o tempo para isso passou, o Flamengo superou e cresceu.
O tempo fora foi ótimo para organizar bem minha vida, expandir a família, reforçar o sangue rubro-negro de minhas filhas e tudo mais. Tive que reaprender a torcer, de modo silencioso e menos raivoso (ou nervoso), para não assustar minha caçulinha e deixar para a minha mais velha a impressão boa do pai. Precisavam ver que o Flamengo não me fazia mal, nem fazia mal a minha família.
Confesso que comecei a ter uma relação mais saudável com o Flamengo. Pular de ponta como fiz no meio daquele gestão escabrosa da Patrícia Amorim, vê o que fizeram com ídolos, as análises do balanço financeiro do time e todos os erros de gestões passadas (além dos infinitos erros da gestão dela), foram tornando a minha relação com o Flamengo um pouco tóxica (percebi isso depois que me afastei).
Claro que não foi só coisa ruim, fiz excelentes amizades rubro-negras (algumas delas citadas no post anterior), cheguei até fazer um Urubucast com uma das pessoas que me inspiraram a escrever sobre o Flamengo (o urublog - Arthur Muhlemberg), ou seja, mesmo no gigantesco desgaste que tive com o Fla ao me aproximar muito do que é a política dele, tive vários prazeres com essa relação, e não foram só nos resultados no campo (até porque de 2010 a 2012 só foi decepção), mas nas amizades contraídas no caminho.
Porém, afastar era preciso. Estava em um ponto da minha vida que precisava ter foco em outra coisa, para que pudesse dar condições futuras melhores a minha família.
Mesmo assim, não deixei de acompanhar o Fla, apenas acompanhei de longe, vendo jogos e entrevistas. Afastei-me da política do clube, por mais que a vitória dos "azuis" tenha sido comemorada. Preferi acreditar que o Flamengo passaria por um processo de reconstrução interna, e que resultados em campo poderia demorar a ocorrer.
Ainda sim fomos presenteados com o título da Copa do Brasil de 2013, quase como se fosse um aviso aos milhões de rubro-negros que aquele título era um prêmio antecipado para que pudéssemos enfrentar o que estava por vir.
Acho que aquele título improvável foi muito importante para que o Flamengo pudesse hoje desfrutar de tudo que alcançou. A torcida parecia ter entendido que era um tempo apenas até voltarmos as grandes conquistas, mas quando voltássemos seria para valer.
No Brasileirão de 2013, 2014 e 2015 foram bem complicados de se ver. O futebol claudicava, mas as finanças eram postas em ordem. Em 2016, que começou mal com a contratação do futebol arcaico de Muricy Ramalho, que parecia colocar tudo a perder, com a chegada do Zé Ricardo (e a mística do técnico feito em casa) parecia que poderíamos alçar vôos maiores, mas ainda faltou perna para o Fla chegar onde queria. Talvez tenha sido melhor assim. O Fla ainda terminava de se estruturar.
Em 2017, o ano dos 2 "quases". Quase campeão da Copa do Brasil. Quase campeão da Copa Sul-Americana. Títulos perdidos de forma dolorida. Mas hoje enxergo que já era um sinal de que faltava pouco para as grandes conquistas. Detalhe, era a primeira vez que tínhamos um técnico estrangeiro perto de boas conquistas em muito tempo (Rueda, que havia chegado e tocado em frente o bom trabalho que o Zé Ricardo havia iniciado do nada deixado pelo Muricy em 2016).
Em 2018 sonhamos com o título Brasileiro que não vinha desde o improvável ano de 2009, porém, apesar de já prontos, faltou entender o que tinha acontecido no ano anterior (2017), com a contratação de uma ideia de jogo diferente e treinamentos diferentes. Acabou que o Flamengo esbarrou na limitação dos técnicos nacionais.
Em 2019 começamos uma nova gestão dos "azuis", que haviam se separado do Bandeira, e logo de cara mostraram que entendiam de futebol igual seu antecessor. Explico: Trazer Abel Braga de volta para o Flamengo era um insulto a torcida e ao futebol que nosso elenco poderia apresentar. Um técnico ultrapassado já em sua primeira passagem pelo Flamengo, aquela desastrosa que culminou na vexatória (para mim até hoje o maior vexame que já vi o Fla passar - e já vi muitos) perda do título da Copa do Brasil para o Santo André em pleno Maracanã lotado.
Mas alguém, na política rubro-negra, resolveu que deveriam colocar no futebol pessoas que entendem de futebol, mesmo que não fizesse parte dos "azuis", e isso consertou o rumo.
Antes porém, tivemos o desastre que ficará marcado para sempre na história do Flamengo. O incêndio que vitimou 10 vidas jovens dentro do CT recém inaugurado do Flamengo, além de ferir outros mais. Esse capitulo triste na história do Fla ocorreu e ainda precisa ser reparado de forma melhor do que vem sendo feita (tenho muitas criticas a forma que a diretoria anterior negligenciou e a atual tem tratado sobre o tema, mas ainda não estou pronto para escrever sobre isso).
Meados de 2019 o Flamengo contratou Jorge Jesus, que chegou debaixo de muitas críticas, sendo esnobado pela mídia biltre (não toda a mídia, mas as biltres), que adoram jogar pressão no Flamengo, pois, acreditem, tem muito mais gente não querendo o sucesso do Fla do que o sucesso, por mais que sejamos gigantes, querem nos ver sempre por baixo. Para sermos piadas.
Mas fomos a forra! 2019 encerrou como um ano muito vencedor. Subimos o sarrafo! É o início das conquistas que ambicionamos depois de 7 anos de perrengue. Com juros e correção monetária, e isso deixa todos os outros com medo.
E em 2020 veio a pandemia. JJ foi embora e o Flamengo teve que mudar os planos inicialmente traçados, iniciar um novo trabalho com um novo técnico em meio a uma realidade inimaginável. E isso culmina no que buscarei tratar no próximo post. DOMENEC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário