A Nação Rubro-Negra procura acreditar que o Flamengo pode ser hegemônico, que a qualidade do elenco atual é para uma nova hegemonia rubro-negra. E errada ela não está.
O elenco que o Flamengo tem hoje, por mais que tenhamos ressalvas e desesperos de ver alguns jogadores com o manto, é o melhor do Brasil. Mas não temos feito isso refletir em campo. Então o que está acontecendo de errado?
Alguns falarão que são determinados jogadores que estragam o time (tenho meus temores em alguns jogadores, que não irei tratar nessa coluna), outros falarão que é a pandemia, outros ainda argumentarão que são os técnicos que por aqui passam não chegam aos pés do Jorge Jesus, e mais alguns outros afirmarão que são os erros da atual diretoria. Quem está certo?
Estive pensando muito sobre isso nestes últimos dias, assisti o jogo de ida da Libertadores contra o Racing (jogo que tivemos muita sorte em não perder), e cheguei a conclusão que não há uma única causa ou um único culpado, é uma conjunção de fatores que se não for acompanhado de perto pela torcida pode colocar tudo que conquistamos nesses 8 anos a perder por pura soberba, e não falo dos títulos de 2019 pra cá.
A torcida não pode só cobrar o técnico ou os jogadores em campo, mas também todo corpo técnico e diretoria do Flamengo, como já mostrado na coluna do jornalista Mauro Cezar Pereira (@maurocezar), em janeiro desse ano, e na matéria do jornal O Globo, publicada à 6 dias atrás (19/11/2020). Tem muita coisa errada sendo feita dentro do clube, e parecem estar usando as recentes conquistas como cortina de fumaça para a torcida não reclamar. O torcedor do Flamengo precisa sempre verificar tudo com lupa no clube, seja ele sócio ou não, sócio-torcedor ou não.
Não podemos nos deixar embebedar pelas conquistas de 2019, que cada dia que passa parece muito mais que aconteceram ao acaso (uma conjunção de fatores que se reuniu e deu tudo certo) do que fruto de algum planejamento, e deixar de cobrar planejamento realístico e profissional de quem está a frente do Flamengo.
A torcida precisa amadurecer e entender que o time em campo é apenas uma parte da completude que é o Flamengo. No Flamengo, precisa ser cobrado em campo? Precisa! É necessário ser cobrado o seu treinador? Sim! Os jogadores precisam ser cobrados? Precisa! A diretoria tem que ser cobrada pelos gastos a frente do clube? É claro! A postura da diretoria frente ao incidente dos garotos do ninho foi correta? Óbvio que não! Então tem que ser cobrada por isso? Claro!
Cobrar somente o técnico, os jogadores e o time em campo é muito pouco. Os dirigentes tem que ter a ciência que não é só de títulos que a torcida precisa. Ela necessita de um clube bem gerido, pois o time em campo é a razão de alegria, mas a marca Flamengo é a razão de orgulho da Nação. Manchar isso é condenável! A torcida precisa cobrar a diretoria por um clube financeiramente responsável, que acolhe seus torcedores, com responsabilidade social, que tenha um time e elenco que encante, um clube que siga as normas trabalhistas e que trate as pessoas com humanidade que uma Nação necessita.
Não é perseguindo opositores, como o Rodrigo Rötzsch (@rodrigorotzsch) e o ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo (@mello_bandeira), que atingirá êxito administrativo, social e esportivo.
Parabéns pelas conquistas, mas o Flamengo é bem mais que só conquistas!
Hoje é aniversário do Bicampeonato da Libertadores da América do Flamengo. De dois dos títulos mais importantes da história do clube. Em 23/11/1981 o Flamengo de Zico, Andrade, Adílio, Júnior, Leandro e companhia (um verdadeiro esquadrão) conquistava a América pela primeira vez, após vencer o 3º jogo da final contra o desleal Cobreloa (em uma época que ganhar Libertadores era preciso suar sangue, literalmente).
Este colunista que vos escreve não tem lembranças deste maravilhoso título, pois nasci em 1981. Mas nunca deixei de ouvir, ler e sentir as emoções de meus amigos e colegas rubro-negro que viveram esse dia épico, assim como descreveu bem a Lilian Porto (@LilianPorto6) em seu duplo relato no twitter hoje (link da thread dela é só clicar aqui).
Os rubro-negros que até o ano passado não tinham vivido aquele dia épico de 1981 esperaram por suas vidas até o aniversário de 38 anos da conquista (23/11/2019), para, aí sim, comemorar o aniversário com uma festa que tomou a Nação Rubro-Negra a partir dos 87 minutos do jogo e completou a catarse coletiva com o segundo gol do Gabigol, aos 92 minutos. "Épico, memorável, o maior momento da história do Flamengo" é a narração que mais retrata essa catarse rubro-negra, na voz de João Guilherme (@joaoguilherm) narrando o jogo pela Fox Sports.
Na hora da virada, estava eu em casa com minhas duas filhas cantando "Vamos virar mengooooo", a mais nova (tinha meses de rubro-negrisse e vida) estava no meu colo. Quando o gol da virada saiu, a mais velha chorando a meu lado e a mais nova olhando fixamente para o gol, e eu gritava gol desesperadamente (a pequenininha no meu colo nem se assustou, só olhava para a comemoração do time). É um momento que nunca esquecerei. Ficará marcado para sempre, junto com Gabigol, Bruno Henrique, De Arrascaeta, Everton Ribeiro, Diego, Gérson, Arão, Jorge Jesus e companhia.
Todos os testemunhos de quem viveu essa data, seja a do ano passado, seja a de 39 anos atrás, sejam ambas, são testemunhos especiais do coração dos milhões de rubro-negros que participaram dessa catarse que finalizava essas epopeias. Todos eles são especiais e devem ser tratados com todo o respeito por todos rubro-negros. Nenhum tem o sentimento maior ou menor que o dos outros, pois cada um é único.
Amanhã seguiremos em busca do desejado Tricampeonato da Libertadores da América, indo a Argentina enfrentar o forte Racing. O desafio é grande, principalmente pelo momento de instabilidade no time que enfrentamos, sem desmerecer o adversário. O sonho do tri segue vivo e buscaremos ele até conseguir conquistá-lo. E quando vier, imediatamente (mesmo que estejamos comemorando o tri) iniciará o sonho do tetra, pois é assim que nós rubro-negros somos. Somos sedentos por títulos, conquistas e catarses coletivas. Nunca queremos ficar tanto tempo sem atingir tais conquistas, mas nunca deixamos de sonhar com elas e buscá-las.
Graças a 23/11/1981, o torcedor do Flamengo está em um eterno "Rumo à Tóquio", mesmo que o mundial não ocorra na capital japonesa. Amanhã é o dia de tentar dar mais um passo em direção à "Tóquio".
E o Flamengo caiu no Morumbi. Caiu feio, caiu rude. Sem luta, sem garra, sem raça. Um verdadeiro VEXAME que fizeram aos olhos rubro-negros. Para aqueles que esperam a volta do futebol do Flamengo do Jorge Jesus (2019/2020) foi uma ducha de água fria no sebastianismo deles.
O fato é que o Flamengo jogou a temporada fora junto com Domenec Torrent (explico abaixo, pode respirar um pouco), e isso eu já havia escrito no twitter (@ZecaUrubuRei) a um tempo já:
Esses tweets foram após a primeira derrota para o São Paulo (aquele 4x1). E não, não estou dizendo que o trabalho do Domenec era ótimo, mas apenas que era bom diante toda a conjuntura e cenário deste ano louco.
Mas o Dome não se ajudou também ao insistir com Gustavo Henrique na zaga, mesmo com as repetidas falhas dele. Se enfraqueceu perante o grupo de jogadores, que segundo dizem, não eram fãs do sistema batizado de rodízio de jogadores, que percebendo a crescente reclamação de parte da torcida com o resultado do jogo do São Paulo deixaram de acreditar que o sistema do catalão era eficiente.
Dome caiu. Isso é fato consumado! Não tem volta. Mas ainda perdura uma certa soberba dos jogadores pelo que fizeram com JJ e que hoje sentam nesses resultados e pouco tem conseguido fazer pela equipe.
Veio Rogério Ceni (um técnico brasileiro promissor, mas ainda acredito que nenhum técnico brasileiro tem capacidade para fazer esse elenco do Flamengo jogar algo perto do que JJ fez, e tenho minhas dúvidas se conseguem fazer algo perto do que o Domenec fez - que não é muito) e reestabeleceu a "hierarquia" no elenco rubro-negro. Deixou de lado garotos da base que vinham bem, barrou-os para colocar os "graúdos". Talvez até na tentativa de dar responsabilidade aos que precisam se responsabilizar, pelo menos assim imaginei (mas já tenho mudado de opinião sobre isso, já explico).
O time apresentou até 45 minutos de algum bom futebol, mesmo o técnico tendo assumido a pouco mais de 24 horas, ou seja, ao menos para mim ficou claro, havia má vontade do elenco com as idéias do Dome. Nada emerge magicamente.
Mas ficou aí, nesses 45 minutos. Depois o Flamengo começou a reapresentar os problemas de antes no sistema defensivo e agora até na produção ofensiva (que não era problema antes) ficou deficitária, um verdadeiro "arame liso", como batizou o jornalista Mauro Cezar (@maurocezar) na época do Zé Ricardo no Fla (e voltou a usar esse termo ontem após o vexame do Fla).
Culpa do Rogério Ceni então? Em parte sim (pois acho que está tentando não perder o grupo reestabelecendo a hierarquia que tem feito mal ao Flamengo), mas essa parte é muito pequena. Ceni apenas está colhendo os frutos plantados por uma diretoria que voltou a bajular jogadores, por jogadores que acham que ganharam tudo no clube, então nada mais tem a provar e que somem ao ter que dar explicações (exceção necessária a ser citada é o Gabigol), a ponto de após o vexame no Morumbi quem foi dar explicações foi o calouro entre os titulares, Matheuzinho (por isso ele está na foto dessa coluna hoje). Mesmo tendo os capitães Everton Ribeiro e Diego Alves em campo, mesmo tendo Gérson, Arão, Léo Pereira, Arrascaeta, Vitinho, Bruno Henrique, etc, quem foi falar foi o garoto recém subido da base. Esse é o elenco que joga seus jovens aos leões após entrarem em campo e jogarem 90 minutos como derrotados.
A torcida agora começa a falar em barca (citando Léo Pereira, Gustavo Henrique, Lincoln, Hugo, Vitinho, Michael, Arão, etc), mas o fato é que o Flamengo não abrirá mão de nenhum jogador por agora (é o que se espera, pelo menos), pois o prazo de inscrição no Brasileiro está encerrando essa semana e não tem como montar outro time agora. Vamos ir com esse elenco até o fim da temporada, um elenco que é muito bom, mas parece achar que ser bom basta para ganhar tudo na hora que quiser. Ou seja, a soberba está muito presente nele e isso tem estourado nos pés e mãos dos jogadores que não tem o mesmo sentimento de gratidão da torcida pelos títulos conquistados. Esse é o maior desafio do Ceni a frente do Flamengo nessa temporada, recuperar esse elenco, com um futebol que funcione e com a confiança que precisam para seguir em frente.
Perdemos o ano? Também não, mas precisamos mudar nossos parâmetros de análise. Primeira coisa é fazer o elenco entender que precisam sair desse torpor que estão com o time que eles foram e buscar a serem algo que consigam ser agora, pois ficou para trás o que fizeram. Segunda coisa a fazer é buscar os 45 pontos o mais rápido possível, não tá longe, mas não chegamos neles. Terceira, é tentar sobreviver na Libertadores. E quarta, após conseguir atingir os 45 pontos, observar o que ainda é possível alcançar. É calçar os sapatos da humildade, saber que 2019 ficou para trás e que este ano precisa ser jogado como os outros para não cagar com tudo.
Acredito em títulos? Não. Nem mesmo no singular. Agora é uma temporada de controle de danos, se algum título vier, será bônus. Se não fizer o controle de danos prejudica até mesmo a temporada seguinte. Isso se não afetar inclusive a única parte que tem funcionado bem temporada após temporada no Flamengo, a parte financeira, mas isso deixo para outra coluna.
E Rogério Ceni já começou a trabalhar no Flamengo. Já são 2 jogos e nada das vitórias voltarem. Mesmo enfrentando o Atlético-GO no Maracanã. Então, quais serão os desafios do Rogério Ceni no Flamengo?
Para começar, voltar a colocar o time no caminho das vitórias. Ceni ainda nem tem uma semana a frente do Flamengo, mas já têm feito escolhas questionáveis na escalação e na montagem da equipe. Sei que muitos rubro-negros estavam muito fulos da vida com o Domenec (afinal o time havia tomado 2 goleadas em menos de 10 dias), mas o trabalho do catalão tinha alguns bons pontos, e um deles era o trabalho com os jogadores da base. Esse foi o primeiro ponto que Rogério Ceni mudou. Assim que chegou reestabeleceu a "hierarquia" de Jesus. Joga quem tem nome, e barrou Natan, Ramon, Hugo, Noga, Thuler, etc. Matheusinho é um caso a parte, pois o Isla está com a seleção chilena e não há outro reserva com nome de algum peso.
Reestabelecer essa "hierarquia" parece ter gerado um problema (que já havia ocorrido com o Dome): o time mostra-se acomodado, sem gana. No primeiro jogo até demonstrou um pouco de vontade, mas logo acomodou-se.
Segundo erro vem em decorrência do primeiro: Colocar Léo Pereira e Gustavo Henrique como titulares absolutos (enquanto Rodrigo Caio está lesionado). Essas duas torres gêmeas já haviam demonstrado com Domenec que não tinham a menor condição de jogarem como titulares, quanto mais juntos! Mostram-se inseguros, lentos, com diversos erros durante as partidas. Dificultam muito a vida do goleiro que estiver na meta rubro-negra (independente de quem seja).
Terceiro erro foi mais de situação de jogo. No primeiro jogo (contra o São Paulo) ele colocou Vitinho substituindo Everton Ribeiro (na seleção) na direita e Michael substituindo Arrascaeta (voltando de lesão) na esquerda. Fez diferente de quem esteve lá antes (tanto Dome quanto JJ), e deu certo! Vitinho jogando muito bem, marcando, roubando bolas, puxando contra-ataques, armando jogadas. Vitinho foi muito bem pela direita. Michael estava bem mais sumido, porém ajudava muito na marcação de seu lado e o São Paulo nada produziu no primeiro tempo do jogo.
Aí aconteceu que todo mundo esperava: no segundo tempo entrou Arrascaeta no lugar do Michael, e por pouco tempo o time não percebeu a diferença do que ocorria no primeiro tempo, Arrascaeta ainda não tinha começado a marcar como o Michael vinha fazendo, resultado? Pela primeira vez o São Paulo teve liberdade para armar uma jogada em sua meia direita (lado esquerdo defensivo do Fla), aí as Torres Gêmeas falharam pela primeira vez com o Ceni. Léo Pereira não combateu ninguém, Gustavo Henrique não se posicionou bem na linha de impedimento e deu condições para Brenner sair na cara de Diego Alves (que caiu para o lado errado, mesmo que Brenner tenha chutado antes do Diego Alves fazer essa escolha) e chutar rente ao pé do arqueiro rubro-negro (se levantasse o pé pegava).
Um erro coletivo na defesa rubro-negra que colocava o São Paulo na frente em um jogo que nada tinha feito, em que o Flamengo era muito melhor e tinha perdido muitas oportunidades de gol. Essa vantagem durou pouco, pois na jogada seguinte Arrascaeta parece ter acordado e armou a jogada que culminou com Bruno Henrique deixando Gabigol na cara do gol, e o artilheiro não perdoou. Jogo empatado.
Depois do empate o Flamengo ainda foi superior, porém perdeu Diego Alves por câimbra. Entrou Hugo, goleiro da base que até 45 dias antes era a 4ª opção do gol rubro-negro, mas que assumira a bronca nos 10 ou 12 jogos antes (não lembro a quantidade) e segurado a onda e não comprometido nas duas derrotas sofridas até então. Ainda frio, o arqueiro rubro-negro fechou a porta do atacante são paulino e fez uma boa intervenção em mais uma falha das Torres Gêmeas.
Depois Rogério Ceni resolveu mudar de novo. Tirou Gabigol (voltando de lesão) e colocou Thiago Maia, mas essa mudança bagunçou o time todo, pois Thiago Maia entrou no meia direita (alternando com o Gérson na volância), deslocando Vitinho (que vinha muito bem na direita) para a esquerda (que não foi bem) e Arrascaeta para o ataque pela direita. Mudança brusca e que desequilibrou o time.
Ainda sim o Fla controlava a partida, mas o gol não saia. Arrascaeta perdeu uma chance impressionante. E quando o jogo se encaminhava para o fim Léo Pereira (com domínio da jogada ainda que pressionado) faz um recuo MUITO errado para o Hugo (deixando o goleiro mais pressionado ainda) que erra FEIO ao tentar driblar. Um erro NÃO FORÇADO da defesa rubro-negra. Fui achincalhado no Twitter por defender que o Léo Pereira errou muito FEIO e o Hugo errou pela primeira vez de forma bizonha! Mas a FlaTT já tinha escolhido seu CULPADO, e era o goleiro Hugo (já tinha torcedor falando que ele não poderia mais vestir o manto, um absurdo esse pensamento). Até o Pedrinho (do Sportv) falou desse erro - https://globoesporte.globo.com/sportv/programas/troca-de-passes/video/pedrinho-fala-da-mudanca-tatica-no-futebol-e-diz-que-informacoes-antigas-aos-jogadores-eram-lixo-9023041.ghtml.
Com essa sucessão de erros, perdemos. Mas teve muita gente que terminou a partida de cabeça cheia, mas com uma ponta de esperança. Achando que o time já tinha melhorado horrores! Como mágica! E que o culpado de termos perdido era um goleiro vindo da base, colocado na fogueira de uma defesa horrível. A culpa era EXCLUSIVA do Hugo.
Desculpem-me, mas não foi o jogo que eu vi. O jogo que vi mostrou um time um pouco mais compacto (principalmente no primeiro tempo), mas que precisa ainda ser muito bem trabalhado em seu sistema defensivo e melhorar a movimentação ofensiva. Mas tínhamos um bom sinal, Vitinho tinha jogado muito bem pela direita.
Rogério Ceni só precisava melhorar os posicionamentos defensivos, ajustar o time com Vitinho pela direita e Arrascaeta pela esquerda (quando Everton Ribeiro voltasse, Vitinho seria seu reserva imediato), e precisava repensar a dupla de zaga, as Torres Gêmeas demonstraram que não podiam estar em campo, ainda mais juntas.
Porém, ao ver a escalação contra o Atlético-GO (com as Torres Gêmeas, com o trio de volantes e com Vitinho na esquerda - formação bagunçada do fim do jogo anterior) já vi que teríamos dificuldades.
Confesso que não vi o jogo. Sábado a noite tenho um programa familiar do qual não abro mão. Flamengo é importante? É, mas minha esposa e filhas são bem mais. E por mais que sejam rubro-negras (esposa em processo de rubro-negrização), esse programa de sábado a noite não é futebol e nem seria por causa desse calendário louco.
Acompanhei um pouco a repercussão no dia seguinte no Twitter, vi os melhores momentos, vi as análises jornalísticas e dos rubro-negros que fazem algumas análises boas de jogos, como o Téo Benjamim (@teofb) fez no Telegram. Percebi que o Fla fez um primeiro tempo fraco (esperado pelo que tinha visto no segundo tempo do jogo anterior) o Rogério Ceni trocou no segundo tempo o Gustavo Henrique pelo Natan, mas o colocou na direita da defesa (que joga geralmente na esquerda). Mas o Léo Pereira sozinho demonstra como está lesivo a qualquer sistema defensivo (não demonstra condições de jogar como titular atualmente, dois jogos seguidos errando de forma bizonha), bastou um erro de passe no ataque (Thiago Maia errou passe no meio, quando o melhor seria ter passado para o Matheusinho) para a bola ser rifada para o ataque do Goianiense e ter Léo Pereira no mano-a-mano falhando mais uma vez, para o gol sair. Porém, misteriosamente, o culpado de não ganharmos é o Lincoln.
Sim, eu sei que ele perdeu um gol bizonho. Deveria ter feito. Era um gol que não se perde. Mas sem o gol bizonho que tomamos, esse gol perdido não faria falta. Não estou passando pano no Lincoln, errou feio (e não é a primeira vez que perde gols assim, mas como falei aqui, o Arrascaeta também errou no jogo passado, Bruno Henrique, Gabigol e outros também erraram em outros jogos). O fato é que temos perdido (ou não ganhado) jogos por tomar gols de formas absurdas (contra o Inter, São Paulo - 2x -, Atlético-MG e, agora, Atlético-GO), o sistema defensivo está muito exposto e o sistema ofensivo tem começado apresentar falhas. Enquanto procurarmos os culpados apenas nos últimos lances dos jogos não conseguiremos evoluir. Os 2 jogos como um todo tem apresentado falhas defensivas graves (como sistema defensivo mesmo), e ainda tem contado com uma dupla de defesa (Torres Gêmeas), desde a chegada do Rogério Ceni, que coloca os goleiros em cheque o tempo todo.
O que posso dizer é que, nesses 180 minutos jogados sob o comando de Rogério Ceni, tivemos 45 minutos muito bons (primeiro tempo contra o São Paulo) em que não terminamos eles ganhando. Já falei anteriormente, aqui e no twitter, Rogério Ceni é a melhor aposta em um técnico Brasileiro que um time poderia fazer, mas acredito que não há, ainda, um técnico brasileiro capaz de fazer o Flamengo jogar o que consegue, e isso inclui o Rogério Ceni.
Ele é uma aposta, assim como o Domenec também foi aposta, e a meu ver não estava tão errada assim, mas a comparação com JJ foi massacrante em cima dele, e ele insistiu em seus erros e em não arrumar o sistema defensivo. Mas acho que era o suficiente para conseguir se impor sobre a maioria dos times do brasileirão, e talvez isso fosse suficiente. Talvez não. Agora é torcer e acreditar que o Rogério Ceni será capaz de melhorar o time, mas não será de forma mágica. E com as Torres Gêmeas na defesa, nem com magia dará.
E agora? Como vai ser? Como o Flamengo vai jogar? Tudo depende de tempo, um tempo que o Rogério Ceni não tem. Já chega e tem jogo eliminatório toda semana, e briga pela ponta do Campeonato Brasileiro.
Então o que a torcida do Flamengo precisa entender neste momento é que o Rogério Ceni precisa de tempo para acertar a equipe, treinar o time, acertar posicionamentos e enquanto isso ele VAI ERRAR! Assim como também vai acertar. Mas ele precisa que a torcida do Flamengo entenda que ele vai errar, não em tudo, mas vai errar. Faz parte dos acertos a serem feitos. Vai testar soluções e, assim como vai acertar, ele vai errar. Não existe solução mágica, até o Jorge Jesus errou.
Se ele vai conseguir ajustar tudo, só o tempo dirá. Um tempo que não existe, mas só esse inexistente tempo dirá.
Particularmente, não era favorável a nenhum técnico brasileiro como solução, pois acho que nenhum tem o que a torcida quer e precisa hoje. Mas também sei que nenhum estrangeiro conseguiria fazer essa mágica. Então Rogério Ceni, diante deste cenário, era a melhor opção entre os técnicos brasileiros. Só teria feito um contrato até o fim da temporada atual. Depois fazia uma análise do que ocorreu na temporada e se for o caso renovaria com aumento de salário.
Porém, pelo menos da minha parte, terá apoio e paciência.
Cheguei onde queria. Falar sobre Domenec Torrent. E precisei respirar fundo e acalmar o coração rubro-negro, uma vez que escrevo esta coluna na manhã seguinte à goleada sofrida no jogo contra o Atlético-MG.
Vamos começar do princípio: Domenec Torrent chegou ao Flamengo depois que o Jorge Jesus decidiu retornar ao Benfica de Portugal. Não consigo imaginar outra razão para a saída do JJ que não tenha sido a pandemia descontrolada no país e ignorada pelo governo brasileiro. JJ já é um senhor de idade avançada, tem seus familiares longe, e sempre disseram que a maior dificuldade dele era ficar longe da família. Imagina isso num contexto de pandemia.
JJ saiu e a decisão foi dele. O que ele passa e o que acontece com ele lá em Portugal pouco importa para nós (rubro-negros) agora. O que precisamos entender antes de continuar é: Ele escolheu sair, mesmo tendo renovado o contrato. Ele escolheu sair, mesmo tendo tudo que pediu em termos de elenco. Ele escolheu sair, mesmo com todo o sucesso que teve por aqui. A escolha foi dele e ele não deve voltar (pelo menos por agora).
Com isso o Flamengo teve que começar a procurar um novo técnico em meio a pandemia de COVID-19, e tinha como objetivo continuar com um técnico estrangeiro, de preferência europeu. Porém, na época não havia muitos europeus com filosofia de jogo ofensivo que aceitariam vir para o Brasil sob o contexto que encontrávamos. Recebemos negativas de Leonardo Jardim, Carvalhal e outros. Dos que pareciam topar vir havia o Hierro (ex-técnico da seleção espanhola) e o Domenec Torrent (ex-técnico do New York City e ex-auxiliar de 10 anos do Guardiola).
Pareceu que o Flamengo ficou interessado na possibilidade de implantar a escola de jogo posicional que o Guardiola propõe nas equipes que treina, mas através de Domenec Torrent. Não é algo simples, mas acharam que com o elenco que o Flamengo tinha e com o trabalho que fora realizado pelo JJ seria uma adaptação rápida.
A metodologia do jogo posicional defendido por Guardiola e seus ex-auxiliares (Domenec e Arteta) não é algo simples. Na verdade foi revolucionário no futebol europeu e não é simples de se reproduzir, tanto que poucos conseguiram implantar com sucesso (exceto o próprio Guardiola, com auxílio dos dois ex-auxiliares à época).
A chegada de Domenec teve um impacto na torcida que começou a sonhar com o Fla jogando à Barcelona do Guardiola. Porém o início decepcionou e vimos um time que parecia imbatível cair por 2 vezes seguidas e em uma delas para um time que acabava de subir da Série B. Ali ficou claro, pelo menos para mim, que já não havia resquício daquele time treinado pelo Jorge Jesus.
Mas a culpa era do Domenec? Tinha chegado não havia uma semana completa. O que havia ocorrido então?
Simples. O Jorge Jesus era extremamente centralizador e não deixou nenhum legado técnico ou metodológico. Tudo veio com ele e tudo foi embora com ele. Então Domenec tinha que começar do zero.
Ah, mas o jogadores são os mesmos, era só perguntar a eles o que era feito!
Não é tão simples! Talvez para técnicos brasileiros isso funcione. O técnico chega, conversa com os jogadores e, se o trabalho anterior era bom, pergunta aos jogadores o que era feito para poder seguir fazendo. Mas em técnicos estrangeiros (sejam europeus, sul americanos, etc) isso não funciona assim. Não chegariam e perguntariam aos comandados como é que deveriam fazer seu trabalho. Isso demonstra, ao menos para eles (técnicos estrangeiros), falta de metodologia de trabalho, o que é grave no mercado lá fora. Uma coisa é chegar e encontrar uma metodologia implementada num clube e aos poucos ir adequando a sua, outra coisa é chegar e encontrar nada implementado e perguntar aos jogadores como é que era feito.
Em "terra arrasada" não se planta, é necessário adubar e preparar a terra para o plantio da nova cultura. Não há transição.
Não estou dizendo que o trabalho do JJ foi ruim, longe disso (foi excepcional), mas parece que ele nada deixou de legado metodológico e técnico.
Então o Domenec começou tentar implementar o trabalho do jogo posicional de início, confiando na capacidade adaptativa dos jogadores do Flamengo. Mas como o próprio livro do Guardiola diz, é como ensinar uma nova linguagem aos jogadores. Leva tempo até que estejam fluentes.
Então o Flamengo oscilou, e muito, no início. Então veio o 5 x 0 sofrido para o Independiente Del Vale (IDV). Causou muita estranheza o time jogar daquela forma, mesmo com altitude. Parecia o famoso "técnico que perdeu o elenco". Mas na sequência da semana começaram a aparecer os primeiros casos de COVID-19 no elenco, que culminou num verdadeiro surto de COVID-19 no Flamengo, pegando quase toda comissão técnica (acho que só o Pedro e o Thiago Maia se safaram, e os que já tinham tido).
Dentro desta realidade o Flamengo começou uma sequência de jogos insana em que até hoje não conseguiu reunir força máxima de sua equipe, com lesões, convocações, descobertas de bons valores na base. Jogadores contratados que não apresentaram condições técnicas de estar em campo, até mesmo jogo marcado apenas 48 horas depois do anterior. Mesmo assim o Flamengo ficou invicto por 12 partidas seguidas. Parecia que o vento tinha virado e o trabalho do Domenec podia começar a florecer.
No entanto, no décimo jogo após 28 dias, com uma média de um jogo a cada 2,8 dias, o Flamengo abriu a ferida da goleada sofrida em Quito. Flamengo enfrentava o São Paulo em casa e tomava 4 x 1. A defesa não funcionara por todo este período, porém não tinha sido colocada tanto a prova, pois no Campeonato Brasileiro somente 3 times tinham condições de explorar isso com muita qualidade (Internacional, São Paulo e Atlético-MG). E para o azar do Domenec, enfrentaria esses três times em sequência no Brasileirão (rodada 18, 19 e 20), com jogos da Copa do Brasil no meio delas (contra o já enfraquecido Athletico).
O resultado só não foi pior porque o Internacional tirou o pé em seu jogo, o que possibilitou o empate do Flamengo. Então tivemos 1 ponto somado em 9 possíveis com 10 gols sofridos e 3 feitos, saldo de 7 negativos. Desempenho muito abaixo da crítica.
E o pior, em nenhum deles o Domenec demonstrou entender ou saber resolver o problema da defesa. A torcida no Twitter (a famosa FlaTT) já comparava o trabalho dele com o do Abel, falando que os bons resultados eram exclusivamente por conta dos jogadores (o que não é verdade). Eu, particularmente, não vejo similaridade do trabalho do Abel com o do Domenec (o do Abel era pior), porém também não vejo similaridade com o trabalho do Jorge Jesus. Vejo o Domenec ter um trabalho muito similar ao do Fernando Diniz no São Paulo, porém com um ano de atraso. Um time que ataca e cria diversas situações de gols, mas se expõe muito! Deixa a defesa descoberta quase que o tempo todo, mas como enfrentamos em sua maioria times que criam pouco (os reativos) o Flamengo tomava muitos gols, mas fazia sempre mais. Ao enfrentar times que criam muito, o Flamengo sofreu com sua defesa exposta.
Houve falhas individuais? Houve, mas não foram só elas. A exposição da defesa facilitou as falhas individuais ocorrerem. Assim como os times do Diniz recebe essas críticas (como foi no Athletico, no Fluminense e agora no São Paulo). A diferença do time do Domenec para o time do Diniz é que o time cria e, em sua maioria das vezes, consegue fazer gols.
Neste momento a torcida do Flamengo não aceita mais a permanência do Domenec como técnico, é uma crise com o time na 3ª posição do campeonato atualmente (sei que pode e deve ser ultrapassado pelo São Paulo com 3 jogos a menos), nas quartas de final da Copa do Brasil e nas oitavas de final da Libertadores. Novos tempos no Flamengo.
Agora o que eu acho sobre tudo isso? Bem, demitir o Domenec (que sairia com sua comissão técnica) parece apenas uma questão de tempo. A grande dúvida é: trazer quem? E como já falou o amigo Fábio Justino no Twitter, essa é uma pergunta que não deve ser feita à torcida!
Então o que acho? Sei que dificilmente o Domenec conseguirá colher frutos em seu trabalho no Flamengo, também sei que dificilmente conseguiremos um técnico estrangeiro que queira vir neste momento (mesmo com o Flamengo com o elenco que tem). Trazer um brasileiro para comandar o Flamengo também não é muito atrativo, visto que o sarrafo está lá em cima e nenhum do brasileiros atualmente conseguirá manter o padrão de qualidade de atuação que a torcida quer (e não é só defensivo).
Ou seja, o Flamengo terá um resto de temporada de controle de danos. Demitir é a melhor opção? Realmente eu não sei. Sei que já passou da hora do Domenec mostrar serviço e arrumar a defesa, o time é desequilibrado. o fato é que ele não tem mais tempo para isso. Era para ontem e ele não mostrou até agora.
ATUALIZAÇÃO
Domenec Torrent não é mais o técnico do Flamengo.
Quem será o novo técnico do Flamengo? Por favor, que não seja o senhor Waldemar!
É sempre difícil voltar a escrever sobre algo que era tão natural a tanto tempo atrás. Sempre vem a vontade de dizer tudo que eu observei, as minhas opiniões e tudo mais, mas o tempo para isso passou, o Flamengo superou e cresceu.
O tempo fora foi ótimo para organizar bem minha vida, expandir a família, reforçar o sangue rubro-negro de minhas filhas e tudo mais. Tive que reaprender a torcer, de modo silencioso e menos raivoso (ou nervoso), para não assustar minha caçulinha e deixar para a minha mais velha a impressão boa do pai. Precisavam ver que o Flamengo não me fazia mal, nem fazia mal a minha família.
Confesso que comecei a ter uma relação mais saudável com o Flamengo. Pular de ponta como fiz no meio daquele gestão escabrosa da Patrícia Amorim, vê o que fizeram com ídolos, as análises do balanço financeiro do time e todos os erros de gestões passadas (além dos infinitos erros da gestão dela), foram tornando a minha relação com o Flamengo um pouco tóxica (percebi isso depois que me afastei).
Claro que não foi só coisa ruim, fiz excelentes amizades rubro-negras (algumas delas citadas no post anterior), cheguei até fazer um Urubucast com uma das pessoas que me inspiraram a escrever sobre o Flamengo (o urublog - Arthur Muhlemberg), ou seja, mesmo no gigantesco desgaste que tive com o Fla ao me aproximar muito do que é a política dele, tive vários prazeres com essa relação, e não foram só nos resultados no campo (até porque de 2010 a 2012 só foi decepção), mas nas amizades contraídas no caminho.
Porém, afastar era preciso. Estava em um ponto da minha vida que precisava ter foco em outra coisa, para que pudesse dar condições futuras melhores a minha família.
Mesmo assim, não deixei de acompanhar o Fla, apenas acompanhei de longe, vendo jogos e entrevistas. Afastei-me da política do clube, por mais que a vitória dos "azuis" tenha sido comemorada. Preferi acreditar que o Flamengo passaria por um processo de reconstrução interna, e que resultados em campo poderia demorar a ocorrer.
Ainda sim fomos presenteados com o título da Copa do Brasil de 2013, quase como se fosse um aviso aos milhões de rubro-negros que aquele título era um prêmio antecipado para que pudéssemos enfrentar o que estava por vir.
Acho que aquele título improvável foi muito importante para que o Flamengo pudesse hoje desfrutar de tudo que alcançou. A torcida parecia ter entendido que era um tempo apenas até voltarmos as grandes conquistas, mas quando voltássemos seria para valer.
No Brasileirão de 2013, 2014 e 2015 foram bem complicados de se ver. O futebol claudicava, mas as finanças eram postas em ordem. Em 2016, que começou mal com a contratação do futebol arcaico de Muricy Ramalho, que parecia colocar tudo a perder, com a chegada do Zé Ricardo (e a mística do técnico feito em casa) parecia que poderíamos alçar vôos maiores, mas ainda faltou perna para o Fla chegar onde queria. Talvez tenha sido melhor assim. O Fla ainda terminava de se estruturar.
Em 2017, o ano dos 2 "quases". Quase campeão da Copa do Brasil. Quase campeão da Copa Sul-Americana. Títulos perdidos de forma dolorida. Mas hoje enxergo que já era um sinal de que faltava pouco para as grandes conquistas. Detalhe, era a primeira vez que tínhamos um técnico estrangeiro perto de boas conquistas em muito tempo (Rueda, que havia chegado e tocado em frente o bom trabalho que o Zé Ricardo havia iniciado do nada deixado pelo Muricy em 2016).
Em 2018 sonhamos com o título Brasileiro que não vinha desde o improvável ano de 2009, porém, apesar de já prontos, faltou entender o que tinha acontecido no ano anterior (2017), com a contratação de uma ideia de jogo diferente e treinamentos diferentes. Acabou que o Flamengo esbarrou na limitação dos técnicos nacionais.
Em 2019 começamos uma nova gestão dos "azuis", que haviam se separado do Bandeira, e logo de cara mostraram que entendiam de futebol igual seu antecessor. Explico: Trazer Abel Braga de volta para o Flamengo era um insulto a torcida e ao futebol que nosso elenco poderia apresentar. Um técnico ultrapassado já em sua primeira passagem pelo Flamengo, aquela desastrosa que culminou na vexatória (para mim até hoje o maior vexame que já vi o Fla passar - e já vi muitos) perda do título da Copa do Brasil para o Santo André em pleno Maracanã lotado.
Mas alguém, na política rubro-negra, resolveu que deveriam colocar no futebol pessoas que entendem de futebol, mesmo que não fizesse parte dos "azuis", e isso consertou o rumo.
Antes porém, tivemos o desastre que ficará marcado para sempre na história do Flamengo. O incêndio que vitimou 10 vidas jovens dentro do CT recém inaugurado do Flamengo, além de ferir outros mais. Esse capitulo triste na história do Fla ocorreu e ainda precisa ser reparado de forma melhor do que vem sendo feita (tenho muitas criticas a forma que a diretoria anterior negligenciou e a atual tem tratado sobre o tema, mas ainda não estou pronto para escrever sobre isso).
Meados de 2019 o Flamengo contratou Jorge Jesus, que chegou debaixo de muitas críticas, sendo esnobado pela mídia biltre (não toda a mídia, mas as biltres), que adoram jogar pressão no Flamengo, pois, acreditem, tem muito mais gente não querendo o sucesso do Fla do que o sucesso, por mais que sejamos gigantes, querem nos ver sempre por baixo. Para sermos piadas.
Mas fomos a forra! 2019 encerrou como um ano muito vencedor. Subimos o sarrafo! É o início das conquistas que ambicionamos depois de 7 anos de perrengue. Com juros e correção monetária, e isso deixa todos os outros com medo.
E em 2020 veio a pandemia. JJ foi embora e o Flamengo teve que mudar os planos inicialmente traçados, iniciar um novo trabalho com um novo técnico em meio a uma realidade inimaginável. E isso culmina no que buscarei tratar no próximo post. DOMENEC.
A uns 7 ou 8 anos atrás eu tinha uma coluna conhecida como Coluna do Zeca Urubu (iniciada em meados de 2009), era publicada em vários blogs e portais rubro-negros, a antiga Flamanolos, o Blog das Torcidas, o site Bola pra quem Sabe, entre outros, além do podcast conhecido como Urubucast.
Por questões de razões pessoais precisei parar de escrever sobre algo que gosto muito, o nosso Flamengo!
Porém fiquei muito feliz quando, junto com amigos rubro-negros da internet (Tozza, Renato Croce, JEFF, Cida Gomes, Livinha, Adilson Rodrigues, Fábio Justino, Gil Urubuzada, Walter Monteiro, os amigos do Rádio da Nação e diversos outros), conseguimos ajudar no processo de conscientização da torcida sobre a importância do Flamengo se organizar e "retirar" (acho que seria mais afastar por um tempo) aqueles que detonavam o Flamengo e suas finanças.
Veio a gestão dos "azuis", inicialmente com Bandeira de Melo, mas a política rubro-negra não é para amadores e rapidamente o grupo dos "azuis" se dividiu. Mas o importante foi que a semente estava sendo plantada e seguiram na questão de equacionar as contas do clube. Pagamos (como torcedores) por anos com times fracos (não piores que de 2004 a 2006), tudo para recuperar a marca Flamengo.
Então veio 2019 e pareceu que lá estava tudo que plantamos por anos. Apesar do início tumultuado com o Abel Braga (péssima escolha), o curso foi corrigido com louvor ao trazerem Jorge Jesus para treinar o Flamengo.
Vimos o que não acreditávamos sermos capazes de ver de novo, o Flamengo jogando um futebol envolvente, atropelando geral, e fazendo jogo duro com campeão europeu no mundial. Perdemos para um time melhor, mas não teria sido nenhum absurdo se tivéssemos ganho. É do futebol.
Pensei, durante o fim de 2019, se deveria voltar a escrever sobre o Flamengo, mas fiquei receoso de ser apontado como oportunista de aproveitar de um grande ano do nosso clube querido, então voltei apenas para o Twitter e resolvi apenas desfrutar do futebol maravilhoso que o Flamengo despejava pelos gramados da América do Sul.
Veio 2020, iniciamos tão ferozes como em 2019. Parecia um sonho que não ia acabar. Começávamos a sonhar novamente com o Mundial de Clubes, com um trabalho mais consolidado do Jorge Jesus. Porém veio a pandemia de COVID-19.
Então quando o futebol começou a voltar, Jorge Jesus resolveu que era hora dele voltar para Portugal e para o Benfica. Escolha dele, critérios dele. Poderia ter sido mais transparente na saída? Poderia. Poderia ter deixado um legado (além dos títulos), como métodos de treinamento, implantação de metodologia na base e etc? Poderia. Mas o fato é que ele não o fez, e o Flamengo não cobrou (devia ter cobrado isso). Sou grato ao que ele fez por um ano no Flamengo e pelos títulos que conquistou, pelo futebol que o time jogou (ficará para sempre em minha memória, assim como o Fla da década de 80).
Saudades? Terei pelo resto de minha vida (assim como tenho saudades de ver o Zico jogar com o manto, Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, etc). Mas o fato é que ele foi embora, e escolheu fazer isso. Não voltará por agora.
A diretoria trabalhou com calma e trouxe Domenec Torrent. Mas esse eu vou deixar para tratar em outros posts aqui na Coluna do Zeca Urubu que procurarei manter por pelo menos uma vez por semana.
Um abraço a todos, até o próximo post e saudações rubro-negras.